No último do domingo, a preparação do Colégio Anchieta para o retorno controlado presencial foi destaque no jornal Correio do Povo. Confira a matéria na íntegra:

Retorno com saúde

Fonte: Jornal Correio do Povo – 12 de julho de 2020

Com a retomada das aulas presenciais no país, a preocupação é que esse retorno ocorra a partir de um planejamento prévio de prevenção de surtos da Covid-19 e de forma a aliar ensino e saúde nos diferentes contextos escolares e acadêmicos, em âmbito públic

Desde março, escolas e universidades do país cessaram as atividades presenciais e se iniciou um processo por continuidade de ensino, que passa da entrega periódica de tarefas escolares para serem feitas em casa a estudos virtuais, à distância e remotos. Muito rapidamente e sem estrutura condizente, a maioria dos sistemas, instituições e profissionais de ensino tiveram que adaptar estratégias para garantir, minimamente, a manutenção de estudos com segurança em razão da necessidade de distanciamento social ocasionada pela pandemia. Passados quatro meses, julho desenha a volta às aulas, de modo diferenciado em cada região do Brasil, mas, em todos os contextos, com muita atenção à preservação da saúde. A retomada das atividades escolares no país foi assunto discutido na última semana, dia 7/7, em videoconferência promovida pela comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações do governo no combate ao novo coronavírus.

Parlamentares querem garantir que escolas e universidades, públicas e privadas do país, não sejam reabertas sem um planejamento prévio de prevenção de surtos da Covid-19. Na avaliação de deputados e especialistas, é preciso assegurar reformas e verbas para que as instituições de ensino se preparem para a retomada presencial. E também cobram coordenação mais forte e clara do Ministério da Educação (MEC) sobre diretrizes adotadas pelos gestores educacionais e adaptadas às realidades locais.

CONSULTA NO RS

No Estado, já houve previsão de retomada presencial para julho, agosto e, agora, o governo faz uma consulta, que se encerra neste domingo, para saber a opinião de entidades educacionais sobre a forma e o nível de ensino mais adequados para o retorno escolar e acadêmico no RS. O certo, segundo o governo, é que se realizará por etapas e gradualmente. A preocupação com a desigualdade de acesso e continuidade dos estudos também surge nessa retomada, onde se busca minimizar as diferentes condições de redes pública e privada garantirem segurança e qualidade educacional. “Todo protocolo se faz necessário, mas as fragilidades que encontraremos para a implementação não serão pequenas. Algumas, pela agilidade das nossas crianças, pelo jeito de ser, de não compreender e a vontade de estar próximo, de correr e abraçar. Outras, pela absoluta falta de água para lavar as mãos, banheiro adequado ou a impossibilidade de distanciamento pelo tamanho da sala de aula”, considera a relatora da comissão, deputada federal Carmen Zanotto (SC). Por isso, ela defende a garantia de recursos para pequenas reformas, como instalação de pias e compra de sabão. Já o diretor da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Hermano Castro, considera que esse retorno requer diálogo com a área da saúde. Segundo ele, precisa ser sustentado e amparado em informações científicas. Para tanto, pondera que envolve observar se a transmissão da doença está controlada e se as comunidades estão educadas para se adaptar às novas regras, por exemplo.

SAÚDE E ENSINO

Um trabalho diferenciado ocorre em Porto Alegre. Ainda sem data definida, aguardando decisão de governo, a volta presencial no Colégio Anchieta vai aliar saúde e ensino, com ações educativas e orientação constante, como escalonamento nos horários de entrada e saída escolar, distância entre as classes, turmas menores nas salas de aula, uso de equipamentos de proteção individual e álcool em gel em todos os ambientes. Uma equipe de consultoria do Hospital Moinhos de Vento está avaliando rotinas e elaborando um plano de ação, com as adaptações necessárias para reduzir os riscos de infecção pelo novo coronavírus (ver box).

O superintendente executivo do Hospital, Mohamed Parrini, argumenta que a Covid-19 mudou hábitos, que devem permanecer após a retomada. “Teremos que conviver com o coronavírus até que se encontre vacina e tratamento eficaz. Enquanto isso, medidas de prevenção para reduzir a transmissão e garantir ambientes seguros devem ser específicas. Nas escolas, com grande concentração e circulação de crianças e jovens, educar para cuidar de vidas é a melhor estratégia.” O diretor-geral do Colégio Anchieta, Jorge Álvaro Knapp, lembra a missão da escola, de “cuidar da vida”. E explica que “são mais de 3 mil vidas que são confiadas ao Colégio Anchieta, por famílias que deixam seus filhos diariamente conosco, além dos professores, colaboradores e parceiros. Por isso, buscamos o apoio técnico e científico do Moinhos de Vento para respaldar nossas ações preventivas”. O gestor da Consultoria Moinhos de Vento, Chander Turcatti, revela que escolas são maioria entre instituições e empresas que procuram o serviço. E diz que são traçadas diretrizes a cada uma, conforme suas características e com foco em mitigar riscos. Os protocolos incluem todas as áreas, da sala de aula à limpeza, segurança e administrativo, e algumas ainda buscam o serviço de telemedicina. Na Capital, além do Colégio Anchieta, as escolas particulares Farroupilha, Pan American School e João Paulo I também estão implantando planos de ação em parceria com o Hospital Moinhos.

Novas rotinas

Paulo Ernesto Gewehr Filho, médico do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento, sugere adequações para deixar o ambiente escolar mais seguro:

Entrada: escalonar horários de chegada e saída da escola, organizando o fluxo para evitar aglomerações; restringir o ingresso a alunos, professores e funcionários, reduzindo a circulação de pais e público externo; evitar fluxos contrários no mesmo local, como corredores, colocando barreiras (fita de isolamento) para separar ida e vinda.

Ambientes: promover distanciamento de pessoas em áreas internas e externas (mínimo 1 metro); organizar ambientes adaptados; adequar o número de alunos ao tamanho da sala; manter ambiente arejado; suspender atividades com contato físico e orientar sobre abraços ou beijos, com atenção especial à Educação Infantil.

Higiene: uso de máscaras por todos e todo o tempo, com troca a cada 2 horas ou se ficarem úmidas; frequente lavagem das mãos, com água e sabão, álcool em gel ou espuma; não tocar olhos, boca e nariz; ter etiqueta respiratória e afastar pessoas com sintomas gripais.

Lanche: aumentar o distanciamento para 2 metros; evitar aglomerações e filas no local de merenda; instalar barreiras, de vidro ou acrílico, para o atendimento; em compras, priorizar pagamentos com menor aproximação, cartão, etc.

Banheiros: como é ponto crítico, é importante restringir o acesso, com número limitado; garantir limpeza constante; orientação para a higiene das mãos antes e após ir ao banheiro; usar toalhas de papel ao secar-se e tocar maçanetas.