Deixando saudades e marcas na história da Companhia de Jesus, O Pe. João Roque Rohr, SJ faleceu na manhã do dia 29 de maio, na Comunidade Santos Mártires das Missões, junto ao Colégio Anchieta, onde morava. O Padre tinha 80 anos de idade e 60 anos dedicados à Companhia.

O jesuíta nasceu em 13 de agosto de 1940, em Itapiranga (SC), fronteira com a Argentina, e formou-se em Filosofia, Teologia e Pedagogia. A trajetória dele no Colégio Anchieta foi longa e significativa: de 1965 a 1967, foi professor de História; mais tarde, exerceu a função de Orientador Pedagógico, de 1972 a 1974. Posteriormente, assumiu a Direção Geral em dois períodos: de 1975 a 1982 e de 1987 a 1988. No intervalo da gestão, o seu irmão, Padre Eugênio Rohr, SJ atuou na Direção do Colégio. Desde 2015, ele foi Conselheiro de Pastoral e Espiritual do Colégio Anchieta.

 A sua jornada foi de muita dedicação à vida religiosa e acadêmica, que já se pronunciava na infância. O Padre cresceu em uma família católica e frequentou a escola primária, em Chapecó. Aos 11 anos, ingressou no Seminário Menor dos Jesuítas. Em fevereiro de 1953, começou a estudar no Colégio Santo Inácio, Escola Apostólica para a formação dos futuros padres jesuítas, em Salvador do Sul, então distrito de Montenegro (RS). Proferiu os primeiros votos de Religioso na Companhia de Jesus no dia 4 de março de 1962. Em seguida, cursou três anos de Filosofia no Pontifício Colégio Maior Cristo Rei, em São Leopoldo, obtendo o grau de Bacharel. O magistério foi realizado de 1965 a 1968, no recém transferido Colégio Anchieta da rua Duque de Caxias para a Nilo Peçanha. Durante as férias, o Padre ia a São Paulo para concluir a Licenciatura em Filosofia, o que lhe daria o direito de lecionar Filosofia, História e Sociologia no Ginásio e no Curso Colegial. Nos intervalos entre as aulas, cuidava dos alunos nos pátios e nos corredores e, no turno da tarde, acompanhava-os nos esportes. Além disso, o jesuíta acompanhou muitas turmas em viagem à Vila Oliva e ao Morro do Sabiá.

Em 1968, o Pe. João Roque, SJ retomou os estudos em Teologia no Cristo Rei, em São Leopoldo, os quais foram interrompidos em 1970 para cursar a especialização em Planejamento Educacional, desfrutando de uma bolsa de estudos. Mais tarde, reingressou no curso de Teologia. Em setembro de 1971, viajou ao Chile para um curso intensivo de Planejamento Educacional.

Ao retornar ao Brasil em 1972, foi ordenado sacerdote pelas mãos de Dom José Gomes, Bispo em Chapecó. Em março do mesmo ano, retornou ao Anchieta para trabalhar no Serviço de Orientação Pedagógica. Mais tarde, assumiu a Direção do Colégio. Já em 1987, exerceu o cargo Superior Provincial da Província Meridional do Brasil (BRM).

 Terminado este período de seis anos, foi destinado a Unisinos como Pró-Reitor Acadêmico. Em julho de 1995, foi eleito Presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil, atuando na Sede Nacional do Rio de Janeiro. Ao concluir este mandado, foi chamado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para assessorar a elaboração e a implementação do Projeto de Superação da fome e da miséria no Brasil. No andamento do projeto, foi nomeado como Provincial do Brasil, com a missão de organizar o Provincialado do Brasil, de caráter interprovincial e embrião da atual Província Única dos Jesuítas do Brasil.

De 2009 a 2014, exerceu a função de Reitor do Pontifício Colégio Pio Brasileiro em Roma. Após este período, o Padre retornou ao Colégio Anchieta como Conselheiro Pastoral e Espiritual, oferecendo atendimento espiritual à Comunidade Anchietana e atuando na Igreja da Ressurreição.

 O Jesuíta obteve cargos e títulos pelo seu trabalho: um deles foi em setembro de 2019, em que foi nomeado Doctor Honoris Causa, pela Escola Dom Helder Câmara, de Belo Horizonte (MG). O reconhecimento se deve ao seu trabalho na criação da Fundação Movimento Direito e Cidadania (MDC) e aconteceu durante a programação do II Congresso do Conhecimento, realizado pela Dom Helder e pela Escola de Engenharia de Minas Gerais (EMGE).

Para além de seu trabalho, o Padre João Roque, SJ conquistou a comunidade Anchietana pelo que foi como pessoa. De personalidade carismática e acolhedora, marcou a vida de muitos estudantes e suas famílias com suas bênçãos e preces, dedicando-se à comunidade educativa com inúmeros espaços de escuta aos educadores e aos atuais e antigos alunos do Anchieta. Dono de uma voz eloquente e forte, pregava com emoção o evangelho e dedicava-se com afinco às letras. Homem culto e de vanguarda, buscava sempre se atualizar em temas pertinentes à sua missão e à Educação de nosso país. Seus escritos foram e serão muito apreciados por todas as gerações. Sempre aberto ao diálogo, apesar de sua grande experiência, expressava a humildade própria dos sábios.

No trato com os demais, destacava-se pela sensibilidade e pela palavra afetuosa. Apreciava uma boa convivência e confraternizava com os colegas e amigos sempre que possível. Amante de uma boa culinária, não recusava um convite para encontrar os companheiros de vida e de missão, celebrar o dom da palavra e ser presença animadora no meio de todos!

Pe. João Roque, SJ por onde andou cultivou amizades, reconhecimento e respeito. Pelo sacerdote, pelo homem dedicado às coisas de Deus e pelo seu testemunho de vida, damos graças ao Pai. Sua existência seguirá a nos inspirar!

 

No dia 7 de junho, às 18h30min, acontecerá a missa para São José de Anchieta, patrono do Colégio. Além disso, haverá dois momentos especiais: a abertura do Ano Inaciano e a memória pelo 7º dia de falecimento do Padre João Roque Rohr, SJ. Clique aqui para acessar a transmissão.