Dário Schneider, Diretor Acadêmico do Colégio Anchieta e doutor em Educação
No mês de setembro, campanhas, ações e olhares se voltam para a importância de cuidar da saúde mental. No cotidiano da educação, crianças, adolescentes e professores estão expostos a pressões que vão além da aprendizagem formal. Ansiedade, depressão e esgotamento emocional atravessam corredores, salas de aula e processos institucionais.
Na educação, os sinais de cuidados são muitos – vêm das pessoas, dos ambientes e das decisões. Esses sinais não são apenas indicadores externos, mas convites internos à escuta, à sensibilidade e à consciência. Eles ajudam a compreender os objetivos que nos movem e os horizontes que nos desafiam.
A educação é uma missão que exige preparo intelectual, mas também equilíbrio emocional. Não há aprendizado significativo em contextos de exaustão, medo ou indiferença. A aprendizagem só se sustenta quando alunos e educadores encontram apoio para lidar com seus limites. A saúde mental, nesse sentido, não deve ser vista como ausência de doença, mas como presença de condições que permitam resiliência, acolhimento e sentido.
A realidade, mostra que espaços de escuta e de cuidado no ambiente escolar fazem a diferença. A pressão por resultados, somada à sobrecarga de professores e estudantes, muitas vezes ignora a fragilidade humana e os limites da educação. É preciso romper esse ciclo. Ambientes de aprendizagem devem reconhecer a legitimidade do cansaço, acolher fragilidades e oferecer suporte concreto, não apenas discursos.
Formar cidadãos críticos e preparados para a vida passa, necessariamente, por promover uma cultura de cuidado. Isso significa políticas institucionais consistentes, programas de prevenção e, sobretudo, valorização da saúde mental como parte inseparável da formação integral. Educação não é apenas transmitir conteúdos: é construir esperança. E só haverá esperança real se professores e alunos puderem exercer sua missão em condições de equilíbrio.
Cuidar da saúde mental, portanto, não é um tema paralelo à escola. É parte constitutiva dela. É o solo onde germinam as sementes da nossa vocação, da nossa entrega e da nossa capacidade de transformar. Ensinar a pensar com excelência carrega o sentido e o significado da nossa vida e missão. E cuidar de quem ensina é também cuidar daquilo que ensinamos.