Padre Guido Valli, SJ – Reitor da Igreja da Ressurreição do Colégio Anchieta de Porto Alegre/RS
No último fim de semana, celebramos o Domingo de Ramos que marca o encerramento do Tempo da Quaresma e o início da chamada Semana Santa. Durante a Quaresma, tempo dedicado à oração e reflexão, nos preparamos para a solene celebração da Páscoa, a Ressurreição do Senhor. Com insistência, a palavra de Deus nos convida a uma verdadeira conversão, revisão e transformação da nossa vida de cristãos.
Passado este tempo de preparação, a Semana Santa nos convida a refletirmos sobre a entrega de Cristo que se faz doação na Eucaristia; a vivenciarmos a sua dor e sofrimento que perdoa e salva; e a celebrarmos com imensa alegria a sua vitória sobre as trevas do pecado que mata.
Acredito não ser exagero afirmar que a vida, os ensinamentos e, especialmente, a Paixão de Cristo mudaram os rumos da história humana e nos trouxeram uma nova compreensão de Deus. Por sua vida, morte e ressurreição, Jesus revela a imagem de um Deus próximo de nós, Pai amoroso e misericordioso; um Deus que faz história conosco, assumindo, humildemente, ser um de nós.
Ao assumir a condição humana, Jesus não só entra na história, mas faz parte dela, assumindo o risco de ser acolhido, escutado, aclamado, amado e seguido. Mas também, rejeitado, mal interpretado, eliminado como um indesejado.
Ele quer abraçar, salvar a humanidade, a terra inteira, e não hesita em dar-se radicalmente em nome desse amor que se doa e serve. Um amor que é fiel, desapegado. Traz a proposta de uma vida em plenitude que oferece a todos, mesmo que isso lhe custe o sacrifício de si mesmo. A sua vida, morte e ressurreição, mostram que o seu amor é maior do que tudo.
Passa pela vida das pessoas, vilas e cidades fazendo o bem. Doa-se por inteiro para que tenhamos a vida. A sua vida é uma passagem que ilumina, questiona, transforma, traz vida nova. Em Jesus, Páscoa é passagem: da escravidão para a liberdade, da morte para a vida, é ressurreição. Porque Deus quer a vida, e vida em abundância; não somente para nós, seres humanos, mas para toda a sua criação. Somos chamados à uma vida harmônica, integrada e participativa.