Higor Lima, Jesuíta e professor no Colégio Anchieta

Mais do que uma aparição inesperada de Jesus após três dias da sua crucificação, a festa pascal é, por excelência, a celebração da vida que supera a morte. O reconhecimento dos sinais do Ressuscitado pelos discípulos e seus respectivos encontros com o seu Amigo e Senhor revelam, antes de qualquer sinal sobrenatural, aquilo que há de mais natural, a vida.

Embora seja uma festa associada à tradição cristã, a Páscoa é, originalmente, uma festa judaica que faz memória da libertação do povo hebreu que vivia sob o julgo do faraó no Egito. Tal celebração faz parte da liturgia cristã porque, justamente nos dias que antecederam a festa religiosa judaica, Jesus foi preso, torturado, morto e no terceiro dia ressuscitou. A partir desse momento a Páscoa passa a ser celebrada pelos cristãos como essa memória da vitória da vida sobre a morte por meio do Cristo.

Os festejos pascais residem na certeza de que a esperança não será frustrada. A celebração da ressurreição é um lembrete para que cada um de nós não desanime diante das circunstâncias da vida que muitas vezes se nos apresentam desanimadoras. Diante de um contexto mundial no qual ainda testemunhamos guerras, injustiças, violações graves dos Direitos Humanos e dos princípios cristão, somos convidados a ser sinais do ressuscitado. É papel de todo cristão ser sinal de amor, acolhimento, respeito e fraternidade para que, ainda hoje, possamos possibilitar a outros fazerem a experiência que os amigos de Jesus fizeram naquele terceiro dia no qual já não tinham mais esperanças.

Façamos memória da vitória de Cristo sobre a morte com este trecho do poema “Mulheres da Ressurreição” do jesuíta Benjamín González Buelta: “O amor afunda suas raízes/ no mistério sempre vivo./ A pedra atada à morte/ pelos selos imperiais/ tinha sido rolada./ No escuro da tumba/ acendeu-se uma pergunta,/ iluminou-se uma certeza,/ insinuou-se uma presença”.

Que a Páscoa nos lembre da esperança renovada pela ressurreição de Cristo. Feliz Páscoa!


Higor Lima
Jesuíta e professor no Colégio Anchieta