Por Ir. Jorge de Paula, SJAssessor Pedagógico do Colégio São Francisco Xavier, de São Paulo (SP)


“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.”

Paulo Freire 


Hoje, 28 de abril, comemoramos o Dia Mundial da Educação, instituído há 23 anos pelos líderes de 164 países, incluindo o Brasil, reunidos em Dakar, Senegal, para o Fórum Mundial de Educação. A data reafirma o compromisso de desenvolver ações em conjunto para que todas as crianças e jovens, até 2030, tenham acesso à educação.  
 

Portanto, celebrar o Dia Mundial da Educação nos questiona: em que momento desse compromisso adotado nos encontramos? O nosso contexto nos leva a perceber que existem ainda muitas crianças e jovens sem acesso a esse direito, as desigualdades sociais confirmam essa falta. Fenômenos como a globalização, o extremismo político e a migração excluem mais ainda esse determinado grupo da população. Ao mesmo tempo que esses elementos excluem, confirmam a necessidade de uma educação transformadora, que cumpra com a missão de construir futuros pacíficos, justos e sustentáveis.  

Em 12 de setembro de 2019, o Papa Francisco lançou o convite para construir o Pacto Educativo Global: “um encontro para reavivar o compromisso em prol e com as gerações jovens, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão. Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna.” 

Mas, de que tipo de educação estamos falando? O Papa Francisco no Pacto aponta alguns elementos que caracterizam esse caminho educativo: 1) Colocar a pessoa no centro de cada processo educativo, realçar a sua especificidade e a sua capacidade de estar relacionado com os outros, contra a cultura do descartável. 2) Ouvir as gerações mais novas, escutar a voz das crianças, dos adolescentes e jovens para juntos construir um futuro de justiça e de paz, uma vida digna para cada pessoa. 3) Promover a mulher, favorecendo a participação plena das meninas e das jovens na educação. 4) Responsabilizar a família como o primeiro e indispensável sujeito educador. 5) Educar e educar-nos à acolhida, abrindo-nos aos mais vulneráveis e marginalizados. 6) Renovar e estudar novas formas de compreender a economia, a política, o crescimento e o progresso, ao serviço do homem e de toda a família humana na perspectiva de uma ecologia integral. 7) Cuidar e cultivar a Casa Comum, protegendo os seus recursos, adotando estilos de vida mais sóbrios e visando energias renováveis e respeitosas do meio ambiente.

Não podemos esquecer que na Educação Inaciana sempre vamos trabalhar na perspectiva da integralidade. Vamos sempre buscar nosso MAGIS. E perguntar: E dentro de nossa tradição inaciana, o que estamos fazendo pela educação? “A Educação Jesuíta, como a própria história humana, é uma tradição viva que exige olhos, ouvidos e corações abertos”. Dentro de nossa proposta identificamos como fundamentais quatro elementos que definem a educação integral, entendida como direito e garantia de qualidade, a consciência, a competência, a compaixão e o compromisso, ajudando os estudantes a se transformarem em homens e mulheres para e com os demais.  

Falar em educação será um exercício contínuo de reflexão e compromisso para alcançar a educação como um direito para todos, uma educação de qualidade que nos una em torno de esforços, individuais e coletivos, para a construção de um mundo mais justo e solidário. 

Que a nossa missão educativa percorra caminhos de diálogo e participação para alcançar o horizonte da educação ao longo da vida, que desde a realidade em que vivemos possamos ser promotores da educação como um direito para todos. 

Precisamos acreditar na Educação, e construir a estrada do compromisso e do sonho.  

 “O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro”.
Mia Couto (Fala de Tuahir, em “Terra sonâmbula”, São Paulo: Companhia das Letras, 2007) 

 

REFERÊNCIAS
Mensagem do Papa Francisco para o lançamento do Pacto Educativo Global, 2019.
Vademecum – Pacto Educativo Global, 2020.
Colégios Jesuítas uma Tradição Viva, 2019.

 

Reprodução: Rede Jesuíta de Educação