Padre Jorge Álvaro Knapp, SJ, Diretor-geral do Colégio Anchieta de Porto Alegre (RS)

 

Na próxima quinta-feira, 19 de junho, celebramos a solenidade de Corpus Christi — expressão em latim que significa “Corpo de Cristo”. É um momento privilegiado para contemplarmos o mistério central da nossa fé: Verbum caro factum est, “O Verbo se fez carne”.

Na Eucaristia, renovamos a certeza de que Jesus permanece entre nós de modo real, vivo e verdadeiro, fazendo-se alimento e presença constante no caminho da Igreja. É a partir desse mistério que brota a força da vida cristã e a comunhão que nos une como Corpo de Cristo. Por meio deste Sacramento, Deus não apenas se aproxima de nós — Ele habita em nós.

A tradicional procissão com o Santíssimo Sacramento, que percorre as ruas das cidades, é um gesto público de fé. Enfeitamos as vias com tapetes coloridos e flores como expressão visível do nosso amor e reverência por aquele que caminha conosco. É Cristo que atravessa nossas ruas e nossas histórias, abençoando a todos e santificando o cotidiano.

Em um mundo marcado por divisões, inseguranças e busca incessante por sentido, Corpus Christi nos convida a voltar o olhar para Aquele que é o verdadeiro Pão da Vida. A Eucaristia é encontro, reconciliação, força e missão. Celebrá-la é também assumir um compromisso com a justiça, a paz e a dignidade humana. Quem comunga de Cristo deve tornar-se, ele mesmo, sinal de comunhão, partilha e cuidado com os irmãos, especialmente os mais vulneráveis.

Essa festa eucarística nos chama, ainda, à interioridade. Em tempos de pressa e dispersão, Corpus Christi nos convida a parar, silenciar e contemplar. Convida-nos a reconhecer que há uma presença que nos sustenta, que dá sentido às nossas ações e que nos inspira a amar com mais generosidade.

Para os nossos jovens, em especial, Corpus Christi é um chamado à transcendência. Num mundo repleto de distrações e superficialidades, esta celebração aponta para o mistério da vida doada, da presença divina em meio ao cotidiano, e do serviço amoroso como expressão concreta da fé.

Neste dia santo, sejamos nós também o corpo vivo de Cristo na história, nas realidades que habitamos e nos projetos que construímos. “Tomai todos e comei: isto é o meu corpo…”. Que estas palavras ressoem em nossos corações como um convite à comunhão com Deus e com o próximo, à entrega generosa e ao amor que transforma.

A Eucaristia não termina no altar. Ela se prolonga em nossas escolhas, no modo como tratamos os outros, nas causas que abraçamos. O Corpo de Cristo nos une e nos envia como missionários do amor de Deus. Que o Cristo Eucarístico renove nossas vidas e nos ajude a transformar o mundo.