Como estabelecer limites ao filho(a) para que ele(a) cresça e se desenvolva de forma saudável? Esse foi o tema da noite de ontem, dia 08, no encontro da Rede de Pais da Educação Infantil, que aconteceu no Auditório do Prédio B. A Orientadora Educacional Luciane Santos fez a abertura do evento, que contou com uma plateia de pais em busca de respostas para uma questão tão presente no dia a dia das famílias.
Para refletir sobre o assunto e apontar caminhos possíveis, duas profissionais foram convidadas: a psicóloga Bianca Stock, que trabalha com crianças e adolescentes, e a médica pediatra Denise Chaves.
Bianca abordou o poder do vínculo dos pais com os filhos como uma das peças-chave para o estabelecimento de limites. Segundo ela para construir vínculos, é preciso colocar-se no lugar do outro e despir-se de regras rígidas ou medos que os pais possam carregar de sua própria criação. “Trazemos referências da nossa infância para a criação dos nossos filhos ou para fazer diferente do que vivemos ou para percorrer aquele modelo que foi positivo para nós”, explicou.
Outro ponto destacado pela psicóloga foi a importância de interessar-se pelo que a criança diz. Hoje em dia, com a atenção voltada aos celulares, devido ao volume de informações recebidas, os pais têm tido pouco tempo para atender os filhos. “Interessar-se pelo que a criança quer dizer ajuda a constituí-la psiquicamente”, garantiu Bianca. Além disso, ela citou a existência de uma organização familiar em torno da criança, de seus desejos, o que acaba ocasionando ansiedade e uma carga muito grande para ela suportar. “A nossa felicidade como adultos dependentes do sucesso dessa criança. É muito poder para ela dar conta, enquanto, na verdade, ela gostaria de estar brincando”, completou.
Bianca também trouxe dois conceitos de limites aos pais: o limite continente e o limite restritivo. O limite continente, conforme ela, está ligado a uma fase primitiva do amadurecimento emocional, quando há a construção de um “envelope”, ou seja, a criança é envolvida, acolhida, o que demanda muita conexão. Geralmente esse limite acontece nos primeiros anos de vida. Já o limite restritivo estabelece o “não” como forma de controlar o poder que a criança descobre possuir. “Esse limite possibilita que a criança seja liberada para amar outras coisas que não só a família, ela se expande. Aqui também acontece a construção da moralidade e da possibilidade de a criança resolver determinadas situações”, pontuou.
Para finalizar, a psicóloga reiterou a importância de os pais manterem um estilo de vida saudável, incluindo padrões de comunicação não-violenta e hábitos diários que tornam a vida mais leve. “Desfrutem dos filhos, curtam os filhos! Se estamos preocupados demais em adequar, perdemos a conexão”, aconselhou. (A psicóloga deu algumas indicações de leitura que você encontrará no final dessa matéria).
Na segunda parte da palestra, a médica pediatra Denise Chaves trouxe a caracterização da faixa etária pré-escolar e algumas dicas práticas para os pais. “Tentem criar uma rotina, facilita muito a vida. A rotina e o hábito oferecem a criança um ambiente estável e, assim, ela vai tomando consciência do seu dia a dia”, sugeriu.
Os benefícios da rotina incluem o senso de organização e responsabilidade, possibilitando a criação de vínculos já que os pais ficam mais seguros e as crianças mais tranquilas. Um dos aspectos importantes da rotina é o estabelecimento do horário de sono, segundo a médica. “De acordo com pesquisas, de 15 a 30% das crianças têm distúrbio de sono. É preciso diminuir a agitação à noite e um livro de histórias é uma boa dica para isso”, apontou.
O horário para refeições e a organização dos espaços foram outros dois pontos abordados por Denise. Ela destacou que os pais devem ser exemplo para a criança na hora de comer, alinhando discurso à prática. A limitação do tempo de exposição a telas de celulares e tablets também foi uma dica da médica. “Até dois anos, as crianças não podem ser expostas às telas. Quando forem maiores, o tempo não deve ultrapassar duas horas”, aconselhou. O ideal é estimular brincadeiras ao ar livre, segundo ela, já que a luz solar, entre outros benefícios, também ajuda a prevenir doenças visuais. Ao final de sua palestra, Denise deixou uma mensagem aos pais: “Disciplina é ensinamento. É muito importante para a criança saber que há alguém no controle”.
Para encerrar, os pais formaram grupos de discussão e trouxeram algumas dúvidas a serem esclarecidas pelas palestrantes.
Confira as recomendações de leitura feitas pela psicóloga Bianca Sordi:
Judith Trowell
80 páginas
Editora Imago
1ª edição
1992
Marshall B. Rosenberg
288 páginas
Editora Ágora4ª edição
2006
Lídia Weber
164 páginas
Juruá Editora
4ª edição
2017