Alunos do 3º e 4º anos contam como está a rotina longe do ambiente escolar e lembram de momentos especiais vividos com os colegas e professores
A proposta de exercitar as possibilidades do processador de texto Word, na disciplina de Tecnologias da Educação, transformou-se em um momento raro para expressar sentimentos vividos durante a quarentena. Alunos do 3º e 4º Anos do Colégio Anchieta foram convidados a escrever cartas à instituição onde estudam. Longe do ambiente escolar desde o dia 18 de março, em razão do isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus, crianças com idades entre oito e nove anos demonstraram por meio da escrita no ambiente virtual o amor pelo Colégio e a saudade dos amigos. Em cartinhas coloridas, disseram que sentem falta das aulas presenciais, do ambiente escolar e rezam para que tudo isso passe logo.
Professora do primeiro ciclo do Ensino Fundamental do Anchieta, Vanessa Líbio gosta muito de escrever. Planejou, então, uma atividade na qual os alunos pudessem redigir uma carta para um grande amigo: o Colégio Anchieta. “Percebi uma escrita afetiva. Eles contam que estão com saudades, mas também estão amando estar com a família. Têm necessidade de falar, expressar o que estão sentindo”, destaca a professora.
Em sua cartinha, Augusto Bonotto Leonardi, nove anos, conta que desde muito pequeno corre e brinca no pátio do Colégio. Rola no morro, passeia no bosque e se diverte na pracinha. “Desde muito pequeno eu acordo cedo, tomo café, visto meu lindo uniforme, passo um pente nos cabelos e escovo os dentes para estar bonito para você, mesmo sabendo que na volta eu estarei sujo, descabelado e suado, mas muito, muito feliz”, conta o menino na carta. A mãe de Augusto, a arquiteta e empresária Sandra Bonotto Leonardi conta que Augusto estava empolgado ao entrar no 4º Ano. “Esses dias, passamos na frente do colégio e ele disse que não acreditava que estava tudo vazio”, lembra a mãe.
Com a suspensão das aulas presenciais, Sandra tem acompanhado as aulas síncronas, apoiando o estudante nas tarefas e tentado manter uma rotina. “Eu achei maravilhosa a proposta dessa tarefa. É importante para não perder o elo com a escola, com a professora. Eles formam a escola, são parte dela”, observa a mãe, que vê como fundamental o cuidado socioemocional das crianças durante a quarentena. Enquanto não volta ao convívio dos colegas, Augusto faz chamadas de vídeo pelo WhatsApp com os amigos e joga online com eles. “Tudo vazio… não tem gritos de felicidade, nem gargalhadas de alegria e nem o choro das traquinagens. Tem apenas aquele silêncio temporário… rezo e peço que logo passe… vai passar!”, completa o menino na carta.
Saudade do judô
Mikaella Kuhn Tagliassuchi, nove anos, compartilhou em sua carta um episódio marcante vivido no Colégio Anchieta: foi nas Escolinhas Esportivas que despertou seu interesse pelo judô. Hoje, ela é uma atleta faixa laranja, com diversas conquistas pela Federação Gaúcha de Judô e compete pelo Grêmio Náutico União. De acordo com o pai, o gestor administrativo Marcus Muccillo Tagliassuchi, a rotina da estudante foi bastante alterada pois, além da suspensão das aulas presenciais, o isolamento social mudou a rotina de treinamentos e as viagens para competições. “Ela quer muito voltar para o colégio. Gosta da convivência, do ambiente e dos colegas”, relata Marcus.
“Esses tempos de isolamento por causa dessa doença Covid-19 estão sendo muito difíceis para mim, pois além da saudade que tenho de estar indo todos os dias para o colégio, convivendo com os colegas e professores, também tenho muita vontade de estar treinando e praticando judô”, diz Mikaella em sua carta. E finaliza: “Rezo diariamente para que achem a cura para essa doença logo, para que ninguém mais venha a morrer e todos nós possamos voltar a ter uma vida normal, com muitos abraços e beijos”.
Para a professora Vanessa, em geral os alunos estão sabendo lidar com o momento a partir do apoio e da presença da família. Além disso, valorizam o empenho dos professores para oferecer as atividades e eles seguirem estudando. “Acreditamos no trabalho da Educação Integral, que tem um olhar para todas as dimensões do aluno. Nesta atividade, ressaltamos a dimensão socioemocional”, finaliza a professora.