“O nosso trabalho tem sempre em vista o bem espiritual. Muito do que fazemos aparece por meio da dedicação que a pessoa tem, da presença, do exemplo. Por isso, levamos sempre conosco o lema da Companhia de Jesus: Em tudo amar e servir”, explicou certa vez o Pe. Egydio Schneider em depoimento que comemorava os seus 70 anos de Jesuíta. Pouco mais de quatro anos após essa fala, queremos homenagear esse jesuíta que dedicou uma parte de sua vida a essa obra da Companhia de Jesus que é o Colégio Anchieta e que nos deixou no domingo, dia 10 de julho, aos 94 anos de idade.

Pe. Egydio era gaúcho e, em terras sulistas, viveu a maior parte de sua vida, contribuindo fortemente para o desenvolvimento da educação e para o espírito empreendedor que conhecemos hoje. Nascido em 31 de outubro de 1928, na cidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul, Egydio Eduardo Schneider decidiu matricular-se no seminário dos jesuítas aos 12 anos de idade, em Salvador do Sul, e lá seguiu sua jornada até os 19 anos. Em fevereiro de 1948, ingressou na Companhia de Jesus, em Pareci Novo, onde fez dois anos de noviciado e outros dois anos de juniorado, estudando disciplinas de humanidades e aprofundando idiomas, como o latim, o grego e o alemão.

Nem todos sabem, mas sua jornada no Colégio Anchieta começou muito antes de ser convidado para ser o Diretor Geral. Antes de ser ordenado sacerdote, em 1960, Pe. Egydio estudou Filosofia no Colégio Cristo Rei, em São Leopoldo; Magistério, na Escola Santo Afonso, onde ficou por dois anos, e no último ano dessa etapa no Colégio Anchieta, em Porto Alegre, retornando novamente ao Colégio Cristo Rei, onde concluiu a Teologia. Em 1962, foi para o Rio de Janeiro, onde fez a Terceira Provação – última etapa da formação jesuíta.

Retornaria ao Rio Grande do Sul em 1962, onde padre Egydio trabalhou na direção espiritual dos futuros jesuítas da Escola Santo Afonso, em São Leopoldo. Ao mesmo tempo, cursava Administração na Unisinos. Em razão de sua formação em Ciências Econômicas, em 1966, a convite do provincial Pe. Leopoldo Adami, assumiu a direção do Colégio Cristo Rei, onde ficou até 1970. Três anos depois, surgiu o convite para um novo trabalho, que se transformaria num divisor de águas para a Unisinos: a idealização do campus São Leopoldo.

Após 24 anos (1974-1998) junto a Unisinos, onde foi Vice-Reitor Administrativo, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Desenvolvimento e também Assessor Especial do Reitor na Unisinos, Pe. Egydio aceitou outro convite muito especial: ser diretor geral do Colégio Anchieta, uma das mais antigas e respeitadas instituições de ensino de Porto Alegre.

No Colégio Anchieta, dedicou-se à educação integral durante sete anos, entre 1999 e 2006. Trazendo a bagagem de anos à frente de diversas construções na Unisinos, Pe. Egydio deu nova vida à nossa instituição de educação básica, com a manutenção e com a criação de novos espaços para a comunidade educativa que trouxeram a assinatura do espírito empreendedor e idealizador do jesuíta. “No meu tempo de Anchieta, fiz algumas obras. Falei que precisávamos inovar. Com isso, criamos novas salas, reformamos o prédio principal e construímos o prédio junto à Rua Tomaz Gonzaga”, contou Pe. Egydio.

Ao sair do Colégio Anchieta, Pe. Egydio ainda trabalhou na antiga sede da Associação Antônio Vieira – ASAV, mantenedora jesuíta, em Porto Alegre, bem como na ABEPARE, no centro da capital gaúcha. No fim de 2014, o jesuíta ainda fez parte do grupo diretor das obras do novo campus Unisinos de Porto Alegre.

“O espírito visionário e irrequieto de Pe. Egydio ajudou a mudar a história das instituições jesuítas por onde passou. O reconhecimento à importância de suas passagens pelas obras da Companhia de Jesus foi traduzido em diversas homenagens que lhe foram prestadas ao longo dos anos”, declarou a Rede Jesuíta em sua nota de falecimento. Desde 2021, Pe. Egydio estava na Residência São José, onde cuidava da saúde e rezava pela Igreja e pela Companhia de Jesus.

Seguiremos com o espírito empreendedor de Pe. Egydio em nossos corações e em nossa missão, buscando nos valores cristãos e inacianos a inspiração necessária para a educação integral de homens e mulheres.

Fontes e Imagem: Jesuítas Brasil