O que os filhos precisam dos pais para serem adultos seguros e felizes? Foi para responder a essa complexa questão que a Rede de Pais, coordenada pela colaboradora Isabel Tremarim, convidou o Dr. Alberto Scofano Mainieri para um bate-papo no Auditório 1 na última terça-feira (20). Além de médico pediatra e hebiatra, Mainieri também é especialista em atendimento psicológico sistêmico e em terapia cognitivo-comportamental.

Para traçar uma linha de raciocínio, Dr. Mainieri organizou sua apresentação em tópicos que incluíram a construção dos pais como adultos e seus mecanismos de ação, o que as crianças necessitam, o processo de adolescer e, por fim, o papel dos pais na vida dos filhos.

“Todas as nossas emoções, reações e comportamentos são determinados pelo nosso cérebro baseado em três grandes blocos de informações”, explicou Dr. Mainieri no início da palestra. São eles epigenéticos, genéticos e vivências. Ao contrário dos dados epigenéticos e genéticos, que são imutáveis, é importante lembrar que as vivências, que podem ser gerenciadas, são registradas no cérebro das crianças desde a vida intrauterina e usadas em seus comportamentos. “São nas vivências que vamos estabelecer uma série de comportamentos dentro de nós que vão nos levar a agir como a gente age”, disse Dr. Mainieri.

A lógica científica por trás das reações e dos comportamentos é esta: os estímulos dos sentidos, sejam eles auditivos, olfativos, visuais, cinestésicos, etc, são enviados para a região límbica do cérebro, conhecida como cérebro emocional, para serem decodificados e gerarem a tomada de decisão. A partir da identificação dos estímulos, com base nos dados epigenéticos, genéticos e nas vivências, ocorre o pensamento automático (conclusão) e a reprodução de uma emoção, sempre baseados em crenças pessoais. Toda essa jornada, que inicia no estímulo dos sentidos, leva à ação final, que pode ser o comportamento ou a reação do indivíduo.

Para ajudar na compreensão, Dr. Mainieri utilizou a crença do nome completo como exemplo. O indivíduo que, na infância, era conhecido pelo apelido e chamado pelo nome completo somente para receber uma crítica ou ser castigado, vai associar seu nome completo a memórias ruins. Isto é, a partir da própria vivência, esse adolescente ou adulto, ao ser chamado pelo nome completo, poderá reagir com medo (emoção) e esconder-se (comportamento). “Dependendo do que vocês gravaram na cabeça dos filhos de vocês durante toda a infância, eles vão reagir na vida adulta ou na adolescência”, contou Dr. Mainieri.

De acordo com Dr. Mainieri, outro ponto importante da criação dos filhos são os comportamentos aos quais são expostos. “As crenças que nós construímos durante a nossa infância são baseadas no comportamento que os nossos pais tiveram conosco”, explicou o médico. São os exemplos, as atitudes, as críticas, os elogios e os comentários dirigidas aos(às) filhos(as) que formarão os conceitos, as crenças e as definições das crianças e dos adolescentes sobre si mesmos. Nesse sentido, a rigidez na criação pode levar à crença da perfeição, gerando baixa autoestima e autocrítica excessiva, por exemplo.

O bate-papo também contou com um momento de perguntas e respostas, no qual a comunidade trouxe questionamentos pessoais, mas que agregaram à vivência familiar de todos os presentes. Uma das mensagens mais importantes e que pode ser adaptada a diferentes contextos é a de que é preciso orientar com cuidado, mas sem autoritarismo.

Por fim, o Dr. Alberto Mainieri trouxe a tão esperada resposta para o questionamento que deu nome à palestra. O que os filhos precisam dos pais para serem adultos seguros e felizes é aceitação da identidade, valorização de quem é e das suas potencialidades, validação dos seus sentimentos e pensamentos, respeito à sua individualidade, compreensão, amparo e apoio, confiança e autonomia, estímulo e encorajamento para evoluir. A mensagem final serve como conselho para todos aqueles e aquelas que vivem a missão de educar crianças e adolescentes: “Nós temos que dar corda para que nossos filhos explorem o mundo, conheçam o mundo e vejam o mundo, mas temos que estar de olho para saber se aquilo com que eles estão tendo contato é viável ou não é viável”, concluiu. Educar para a vida, portanto, é o maior e mais importante desafio da vida dos pais.

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